Grimório da Psique

2.2 – A Persona

Enquanto a Sombra representa o que escondemos de nós mesmos, a Persona é aquilo que mostramos ao mundo. Derivado do termo latino para “máscara”, esse conceito desenvolvido por Jung refere-se à camada externa da psique: o papel que desempenhamos na sociedade, os modos de vestir, falar e agir moldados para sermos aceitos e compreendidos.

A Persona é necessária. Ela facilita a convivência social, nos ajuda a transitar entre grupos e contextos, adapta-se às exigências da vida cotidiana. Porém, quando confundimos a máscara com a totalidade de nosso ser, corremos o risco de perder o contato com a essência. Tornamo-nos personagens rígidos, prisioneiros da imagem que criamos.

O trabalho do autoconhecimento exige que examinemos com honestidade as máscaras que usamos. Quais aspectos de nossa personalidade foram sacrificados em troca de aceitação? Quais emoções escondemos atrás de sorrisos ensaiados? A Persona saudável é flexível, um reflexo parcial do eu, não uma prisão dourada.

Reconhecer a Persona e saber quando retirá-la é parte da jornada da individuação. Somos mais do que o papel que interpretamos. Ao abandonar a ilusão de que precisamos agradar a todos, abrimos espaço para que a alma verdadeira se manifeste, sem medo, sem artifícios.

← Voltar